segunda-feira, 27 de abril de 2009
Serenata - Antero de Quental
Caiu do céu uma estrela,
Ai, que eu bem a vi tombar!
Era a noite pura e bela,
Murmurava ao longe o mar...
Era tudo êxtase e calma,
Perfume, encanto, fulgor...
Só no fundo da minha alma
Que desconforto e que dor!
Dorme e sonha, minha bela,
Embalada ao som do mar...
Caiu do céu uma estrela,
Triste do que a viu tombar!
Era uma estrela caída,
Uma entre tantas, não mais!
Era uma ilusão perdida,
Era um ai entre mil ais!
E hás-de viver torturado,
Louco, incerto coração,
Só por um astro apagado,
Por uma morta ilusão?
Dorme e sonha, minha bela...
Como chora ao longe o mar!
Caiu do céu uma estrela,
Ai de mim que a vi tombar!
Ai, que eu bem a vi tombar!
Era a noite pura e bela,
Murmurava ao longe o mar...
Era tudo êxtase e calma,
Perfume, encanto, fulgor...
Só no fundo da minha alma
Que desconforto e que dor!
Dorme e sonha, minha bela,
Embalada ao som do mar...
Caiu do céu uma estrela,
Triste do que a viu tombar!
Era uma estrela caída,
Uma entre tantas, não mais!
Era uma ilusão perdida,
Era um ai entre mil ais!
E hás-de viver torturado,
Louco, incerto coração,
Só por um astro apagado,
Por uma morta ilusão?
Dorme e sonha, minha bela...
Como chora ao longe o mar!
Caiu do céu uma estrela,
Ai de mim que a vi tombar!
sábado, 25 de abril de 2009
Pluto: Segue-me à luz (Manel Cruz)
Podia ser, podia ser meu
Podia estar, podia estar no céu
Tinha de ser hoje deixar fugir
Para voltar, só para voltar a ser
Podia dar tudo o que eu julgo ter
Isso era ver tudo no seu lugar
Mas uma razão no caos só o amor sabe ver
Dá-me coragem mãe para não deixar de ser eu
Segue-me à luz, na escuridão não
Ser tão perfeito é ser só uma metade
E ninguém imagina o que te passa no fundo
É estranho quando dou por mim no mundo bizarro
E mais ainda quando lá o mais bizarro do mundo sou eu
Segue-me à luz, na escuridão não
Podia estar, podia estar no céu
Tinha de ser hoje deixar fugir
Para voltar, só para voltar a ser
Podia dar tudo o que eu julgo ter
Isso era ver tudo no seu lugar
Mas uma razão no caos só o amor sabe ver
Dá-me coragem mãe para não deixar de ser eu
Segue-me à luz, na escuridão não
Ser tão perfeito é ser só uma metade
E ninguém imagina o que te passa no fundo
É estranho quando dou por mim no mundo bizarro
E mais ainda quando lá o mais bizarro do mundo sou eu
Segue-me à luz, na escuridão não
quinta-feira, 23 de abril de 2009
quarta-feira, 22 de abril de 2009
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Miguel Esteves Cardoso
O amor é fodido. Hei-de acreditar sempre nisto.
Onde quer que haja amor, ele acabará, mais tarde ou mais cedo, por ser fodido.
É melhor do que morrer. Há coisas, como o álcool e os livros, que continuam boas.
A morte é mais aborrecida.
Por que é que fodemos o amor?
Porque não resistimos.
É do mal que nos faz. Parece estar mesmo a pedir.
Ninguém suporta viver um amor que não esteja pelo menos parcialmente fodido.
Tem de haver escombros. Tem de haver esperança.
Tem de haver progresso para pior e desejo de regresso a um tempo mais feliz.
Um amor só um bocado fodido pode ser a coisa mais bonita deste mundo.
O amor que me foda, pois só fodido é que eu ando bem!
E o filho da puta que disse que o amor não era para ser fodido ?!
NUNCA AMOU!
Onde quer que haja amor, ele acabará, mais tarde ou mais cedo, por ser fodido.
É melhor do que morrer. Há coisas, como o álcool e os livros, que continuam boas.
A morte é mais aborrecida.
Por que é que fodemos o amor?
Porque não resistimos.
É do mal que nos faz. Parece estar mesmo a pedir.
Ninguém suporta viver um amor que não esteja pelo menos parcialmente fodido.
Tem de haver escombros. Tem de haver esperança.
Tem de haver progresso para pior e desejo de regresso a um tempo mais feliz.
Um amor só um bocado fodido pode ser a coisa mais bonita deste mundo.
O amor que me foda, pois só fodido é que eu ando bem!
E o filho da puta que disse que o amor não era para ser fodido ?!
NUNCA AMOU!
segunda-feira, 6 de abril de 2009
sábado, 4 de abril de 2009
Poema de Domingo - Manuel da Fonseca
Quando chega domingo,
faço tenção de todas as coisas mais belas
que um homem pode fazer na vida.
Há quem vá para o pé das águas
deitar-se na areia e não pensar…
E há os que vão para o campo
cheios de grandes sentimentos bucólicos
porque leram, de véspera, no boletim do jornal:
« Bom tempo para amanhã»…
Mas uma maioria sai para as ruas pedindo,
pois nesse dia
aqueles que passeiam com a mulher e os filhos
são mais generosos.
Um rapaz que era pintor
não disse nada a ninguém
e escolheu o domingo para se matar.
Ainda hoje a família e os amigos
andam pensando porque seria.
Só não relacionam que se matou num domingo!
Mariazinha Santos
(aquela que um dia se quis entregar,
que era o que a família desejava,
para que o seu futuro ficasse resolvido),
Mariazinha Santos
quando chega domingo,
vai com uma amiga para o cinema.
Deixa que lhe apalpem as coxas
e abafa os suspiros mordendo um lencinho que sua mãe lhe bordou,
quando ela era ainda muito menina…
Para eu contar isto
é que conheço todas as horas que fazem um dia de domingo!
(...)
faço tenção de todas as coisas mais belas
que um homem pode fazer na vida.
Há quem vá para o pé das águas
deitar-se na areia e não pensar…
E há os que vão para o campo
cheios de grandes sentimentos bucólicos
porque leram, de véspera, no boletim do jornal:
« Bom tempo para amanhã»…
Mas uma maioria sai para as ruas pedindo,
pois nesse dia
aqueles que passeiam com a mulher e os filhos
são mais generosos.
Um rapaz que era pintor
não disse nada a ninguém
e escolheu o domingo para se matar.
Ainda hoje a família e os amigos
andam pensando porque seria.
Só não relacionam que se matou num domingo!
Mariazinha Santos
(aquela que um dia se quis entregar,
que era o que a família desejava,
para que o seu futuro ficasse resolvido),
Mariazinha Santos
quando chega domingo,
vai com uma amiga para o cinema.
Deixa que lhe apalpem as coxas
e abafa os suspiros mordendo um lencinho que sua mãe lhe bordou,
quando ela era ainda muito menina…
Para eu contar isto
é que conheço todas as horas que fazem um dia de domingo!
(...)
quinta-feira, 2 de abril de 2009
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