segunda-feira, 30 de maio de 2011

Helen Levitt - VI

IS TROPICAL - THE GREEKS

AS PALAVRAS INTERDITAS, Eugénio de Andrade - Ana Reis

Animais da Festo



Vejam também os pinguins voadores que são fabulosos: http://www.youtube.com/watch?v=jPGgl5VH5go&feature=related

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Helen Levitt - V

Little Dragon - Twice

Sean Hudson - II



MÃEZINHA, António Gedeão - Vitor D' Andrade

segunda-feira, 16 de maio de 2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Helen Levitt - II

NERD - Maybe

Il Miglior Fabbro

Eis a primeira parte: http://nolugardocabelo.blogspot.com/2010/04/de-volta-so-podia-ser-este-poema.html
(Curioso que no dia em que estava a reler este poema era exactamente 22 de Abril de 2011 - um ano depois. O que é que uma pessoa faz com esta coincidência? Nada. Não tem mera importância. Mas o dia anterior a um aniversário tem sempre uma mística qualquer).

Eis a segunda parte do poema:

Andei algumas tarde aturdido pela visão de um estorninho
às bicadas a uma bailarina de palha, isso e um puto regular
que passava por ali a fugir com magnólias arrancadas dum jardim
desses arranjados para a inveja dos vizinhos. Bem perto de mim
havia uma velha que se ria muito e me dava os bons dias
mesmo que os dias fossem muito maus. Afagava um gato gordo e mole
que lhe morreu no colo sem (por umas horas) ela ter dado conta disso.
Naqueles dias eu fechava-me muito, inclinado sobre mapas
e documentos de cartografia, tentando divisar um jeito
de chegar às minhas Índias poéticas. Lançava os olhos
pela janela, espreitando na copa das árvores pássaros de nicotina
amotinados que eu esborratava tentando produzir silêncio.

Por essa altura fui deixando a filosofia para quem vive de esmolas
- os que mendigam explicações - e assumi-me finalmente:
Sou poeta! Poeta porque não tenho medo de não perceber nada de nada
e ainda assim escrevo, escrevo, escrevo até me sair da pele para o papel
qualquer coisa que se pareça com a tal "alma".
E talvez a "alma" não exista, mas as palavras no papel sim.
A poesia ensinou-me tudo sobre nada, ensinou-me a única lição.
Depois fiquei com os mesmo gestos de sempre, as coisas, toscas
e agrestes, a intermitência triste dos dias e o ritual de velar
pelo que deixa de ser. Passei muitas vezes em jardins de cemitérios
e vi o meu corpo, algumas delas, deitado de olhos pressionados
por uma morte que se engasgava com as suas próprias flores.

Há horas destas em que escrevo poemas muito longos
para fugir daqui, outras em que me deixo estar,
cumprimento o desmancha-prazeres com uma vénia exagerada,
fico à espera que ele me pague um copo, e ele diz-me sempre
que "estava mesmo de saída".

Quanto ao poema escrito no guardanapo,
dizem que era realmente bom, daqueles que justificam
um vida inteira à procura das palavras certas. Eu não o li,
não o posso confirmar nem desmentir, tenho a sensação porém
de que não falava de amor nem de morte.

Estamos nitidamente a perder o nosso tempo.
Do outro lado da rua já só há uma árvore de pé
que ninguém sabe dizer se está ainda viva ou se morreu.
Tem-se esquecido de dar folhas ou frutos, ou talvez
se tenha cansado de perder tudo e recomeçar do zero.
Este poema também não vai mais longe, aproveita a deixa
e esquece-se se tinha ou não alguma coisa para contar.
O poeta, por seu lado, não sabe como se despedir
e, quem sabe, talvez seja só por isso.

Engenhoso e curioso - Disney