quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Elene Usdin - VI

Queen - Fat Bottom Girls

Rainer Arnulf (1975)

I eat donuts

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Elene Usdin - V

Gota d'água - Chico Buarque

OPUS A E.P - António Ramos Pereira

Cheguei adiantado à suprema incerteza, o mesmo seria dizer
Que encontrei a mesa de café ainda vazia. Tu estavas talvez em casa
A fazer poemas como quem faz colagens (e não me refiro à sujidade),
Gozando dessa imensa sorte que é passar por original copiando apenas;
Sentado, sozinho, acompanhado somente pelo ruído das conversas
Vou juntando, algures entre o cinzeiro e os guardanapos, não sem deleite
Ideias sobre o que poderás estar a fazer, e ocorre-me esta imagem fabulosa:
Tu, em bicos de pés, dentro de um pijama, a pendurar poemas numa corda
- de estender roupa, fotografias ou jornais, não estou certo -
E a dizeres a ti mesma entre dentes “agora tenho de sair por uns tempos”
Numa reacção digna de um ladrão que, cauteloso, compassa os seus crimes,
Mas não é disso que se trata, creio o que pretendes é dar tempo ao que criaste
Para que possa crescer para além de ti.
Esse faço isolado diz muito sobre o tipo de artífice que és
O que fazes é tanto melhor quanto mais longe dele estiveres.
(Eis uma comparação mais justa: penduras os poemas e sais
Como certo miserável que larga o filho na roda dos enjeitados.)
E”tanto melhor”, claro não tende para o infinito, tenderá no máximo
Para uma existência periférica, hipotecada porquanto dure.
Quando te aperceberes de que nem a nossa ausência vale grande coisa,
Citarás um chinês e de imediato esqueces o que acabas de aprender.
Outro com menos recursos - eu, digamos – ficaria bem mais assustado.

Enquanto isso, na mesma mesa de três pernas e dois crimes estéticos,
Embalo a espera riscando sem critério frases de um caderno,
Quebro o bico do lápis num traço desapiedado, definitivo
E contudo íntimo – com um risco eliminamos várias noites,
Uma frase, saberás, pode valer tanto como uma vida
Ou então mais do que uma moeda furada e fora de circulação.
Mas chega de ironia.

Diesel XXX - Keith Schofield

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

domingo, 15 de novembro de 2009

Elene Usdin - III

Gossip - Love Long Distance

Chiharu Shiota

Pixar VS CollegeHumor

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

domingo, 8 de novembro de 2009

Sandra Suy



Elene Usdin

Nouvelle Vague - dance with me

VII - Guardador de Rebanhos - Alberto Caeiro

Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.

Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.

Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas pelas estradas
Que vão em ranchos pela estradas
com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

(...)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SOULWAX / 2MANYDJS - Bonkers (Dizzee Rascal)

Craig Cowling

Doenças animadas

Elis G