quinta-feira, 11 de março de 2010

Para o meu amigo a este...

Quand’eu tiver vento na pinha
Quand’eu tiver verde nos ossos
Dirão que troço escarninho
Mas será uma impressão fossa
Porque me faltará
O meu elemento plástico
Plástico ico tico
Que os ratos terão trincado
E o meu par de quilhões
Minhas tíbias minhas rótulas
As minhas coxas e o culo
Sobre o qual me assentava
Meus cabelos minhas fístulas
Meus belos olhos cerúleos
Os meus cobre-mandíbulas
Com os quais vos lambuzava
O meu nariz considerável
Coração fígado e o lombo
As insignificâncias notáveis
Que caíram no agrado
Dos duqueses e das duquesas
Dos papas e das papesas
Dos monges e das mulesas
E das pessoas do ramo
E depois já não terei
Este fósforo um pouco brando
Cérebro que me serviu
Para prever-me sem vida
Verdes ossos, pinha ao vento
Ai como dói o envelhecimento.


Boris Vian